Pediatria

CPAP no ventilador mecânico versus CPAP em bolhas

Escrito por Cadu Carlomagno

Existem duas principais modalidades de CPAP. A primeira, e talvez mais tradicional em território nacional, utiliza um ventilador mecânico, e a segunda, o CPAP em bolhas. 

O CPAP no ventilador mecânico tem como vantagem o fato de ter o fluxo sob demanda. Isso significa que ele é capaz de compensar as perdas do fluxo (e, consequentemente, da pressão que atinge a via aérea inferior), conforme o paciente chora ou fica mal acoplado ao ventilador. Essa compensação, porém, ocorre até certo limite. Quando esse marco é atingido, o aparelho entende ser inseguro continuar aumentando o fluxo, interrompendo-o de maneira abrupta. Ao não receber mais suporte ventilatório, o quadro de evolução respiratória do recém-nascido pode ser comprometido, sendo comum dessaturações, bradicardias e/ou apneias. Outra vantagem discutível ao usar o ventilador mecânico para realizar CPAP é em relação à praticidade, caso seja necessário modificar o paciente para modo invasivo, já que o equipamento em uso facilita essa alteração. 

Diferentemente do ventilador mecânico, o CPAP em bolhas funciona com fluxo contínuo. Ao preencher o copo com água e colocar a régua determinando a pressão contínua a ser oferecida, o fluxo será mantido a despeito do escape do paciente (desde que, claro, tenha água no copo). Outra grande vantagem do CPAP em bolhas é o fato de que a formação dessas bolhas geram “ruído”, o que indica que há uma oscilação na pressão determinada, tanto para cima como para baixo, permitindo que diferentes pressões sejam encaminhadas para alvéolos com distintas capacidades residuais funcionais. Por exemplo, caso tenha determinado uma pressão em 6 cm H2O, algumas pressões abaixo deste valor poderão ser encaminhadas aos alvéolos já recrutados, enquanto outras pressões serão acima desse valor, ajudando a reverter o efeito shunt de alvéolos que se encontram colabados e que, portanto, podem precisar de pressões maiores para serem recrutados. Uma desvantagem discutível dessa modalidade é por se tratar de aparelhos menos modernos do que o ventilador mecânico, não possuindo alarmes, controle de limites ou monitorização da oscilação da pressão percebida pelo “ruído” das bolhas. Ainda assim, é uma excelente estratégia ventilatória na UTI neonatal. 

Referência:

BALDURSDOTTIR, S. et al. Basic principles of neonatal bubble CPAP: effects on CPAP delivery and imposed work of breathing when altering the original design. Archives of Disease in Childhood: Fetal and Neonatal Edition, v. 105, n. 5, p. 550-554, 2020. Disponível em: https://doi.org/10.1136/archdischild-2019-318073. Acesso em: 19 dez. 2023. 

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